AGORA EU VOU DE JOSÉ SERRA. EIS TRÊS RAZÕES

A PRIMEIRA È O VALOR DA ALTERNÂNCIA DO PODER

A alternância do poder, mediante a qual sai a situação e entra a oposição, campos políticos formados por diferentes coligações partidárias que se alternam no exercício do poder político, é um dos requisitos essenciais à Democracia. Sim, ela é um dos elementos que não podem faltar, sob pena de tornar duvidosa a própria existência e vigência de um regime político democrático.

Um histórico em traços largos, penso, justifica a assertiva.

Lembremo-nos de que em 1964 os militares apearam os civis do poder e tomaram o seu lugar. Houve rodízio de generais presidentes, aliás, o ciclo começou mesmo, foi com um marechal. Embora sempre tenha havido um embate quanto à ênfase a ser dada à política a ser seguida quanto ao desenvolvimento econômico e social e à diplomacia, o traço comum daqueles vinte anos foi a de negação da participação democrática da cidadania. A sociedade civil foi reduzida a súdita do poder militar e a ditadura cometeu atrocidades, em nome do combate ao comunismo.

Do ângulo positivo, os militares modernizaram o país, (INCRA, FGTS, PIS, SFH, EMBRAER, TELEBRAS, ITAIPU, ANGRA, REGIÕES METROPOLITANAS, DEMOCRACIA PARTIDÁRIA, etc) tornando obrigatória a participação das redes de rádio e televisão em programas de EDUCAÇÃO EM MASSA, criando, inclusive, o MOVIMENTO BRASILEIRO DE ALFABETIZAÇÃO, o que possibilitou entre tantas outras oportunidades, o surgimento de uma MARINA SILVA, vinda dos confins da Amazônia.

A partir do movimento de redemocratização, sem ruptura institucional, passamos à Democracia, primeiro com a eleição indireta de Tancredo Neves e Sarney pelo colégio eleitoral, apenas com a oposição do PT que expulsou seus três deputados que contribuíram para a derrota de Paulo Maluf.

Morto Tancredo, SARNEY soube permitir a catarse nacional das liberdades públicas, notadamente a de expressão e de imprensa, da ação sindical e dos movimentos grevistas que pulularam, iniciando o “tudo pelo social” com a distribuição de tickets de leite para as mães pobres. Seu governo liberal permitiu a retomada da confiança na liberdade de comportamento individual, livrando-nos do medo da perseguição, do clima de intimidação, a meu ver, a sua principal contribuição ao país. Ainda, convocou a Assembléia Nacional Constituinte que promulgou a atual Constituição Federal de 1988, que o PT não quis assinar. No campo econômico, rompeu com o FMI e fez a experiência do cruzado, mobilizando o povo para garantir o tabelamento dos produtos, que se tornou “fiscal do Sarney”. Entretanto, a hiper inflação derrotou-o, os preços subindo a quase 20% ao mês!

COLLOR sucedeu-o e mudou a agenda do País, com a abertura comercial e a derrota da hiper inflação. Entretanto, como não conciliou com os interesses partidários instalados no Congresso Nacional, mediante, por exemplo, um mensalão, foi impedido, a pretexto de uma reforma na casa da Dinda e do recebimento de um presente, um carro Fiat Elba. Isto porque já estava sendo desvendada a corrupção praticada pelo seu falecido tesoureiro de campanha Paulo César Farias, que, era voz corrente, cobrava uma “taxa de sucesso” dos empresários que quisessem negociar com o governo, nos moldes do caso Erenice Guerra, apesar de que, à época o pudor era maior e ele traficava influência sem ocupar qualquer cargo na estrutura do Estado, a exemplo da ex-ministra chefe da casa civil do atual Governo.

ITAMAR, vice de Collor, assume, retoma o crescimento econômico através das Câmaras Setoriais, objeto do meu livro “Pluralismo Organizado” e lança, por intermédio do seu Ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, o Plano Real, também rejeitado pelo PT que o acusou de eleitoreiro. Daí, o então Senador Fernando Henrique que já havia desistido de concorrer à reeleição ao Senado, é chamado por Itamar a suceder Rubens Ricupero, sobe na prancha do Plano Real, surfa na estabilidade e no aumento do poder de compra dos salários, elege-se em 1994, negocia e obtém do Congresso Nacional a reeleição para Presidente da República em 1998.

FHC consolida o Real, derrotando a inflação primeiro com a paridade em relação ao dólar, depois, com a política de metas de inflação, câmbio flutuante e autonomia do Banco Central. Fortalece o sistema financeiro através do PROER, um esquema parecido com o que o Obama está fazendo hoje, programa rejeitado pelo PT e que fortaleceu o sistema financeiro brasileiro. Conseguiu aprovar uma reforma do Estado, chamar recursos privados ao desenvolvimento das estatais, contra a vontade do PT, renegociou as dívidas dos Estados e Municípios para com a União, aprovou uma lei de responsabilidade administrativa a que o PT, também, se opôs. O lado negativo destes ajustes todos que prepararam o crescimento econômico com estabilidade foi, exatamente, o pífio crescimento econômico durante toda esta fase, a uma taxa média ao redor dos 2 a 2,5%. Sem falar que ter segurado a paridade do dólar com o real em 1998 foi um verdadeiro estelionato eleitoral. Naquela altura a paridade era tão insustentável que o FMI teve de emprestar 20 bilhões de dólares para o Brasil fechar as suas próprias contas.

Fruto do desemprego e do baixo crescimento imposto por Pedro Malan, o Palocci do FHC, LULA se elege em 2002 e se reelege em 2006. Com a casa mais ou menos ajustada, pode crescer sem inflação, com estabilidade, impulsionado pelo aumento vertiginoso das compras chinesas, a altíssimos preços, o que enriqueceu o Brasil. E, especialmente no segundo mandato, mediante o impulso que deu ao mercado interno, antiga recomendação de Celso Furtado e dos economistas da CEPAL, desde a década de 50 e 60, política, aliás, já experimentada por Juscelino Kubitchek, que para desenvolver o mercado interno teve de romper com o FMI.

LULA, então, incentivou o mercado interno ampliando e aumentando o valor da Bolsa Família, primeira etapa da proposta do Senador Suplicy, de uma Renda Básica da Cidadania para todos. Continuou a política de FHC de aumento do poder de compra do salário mínimo e, o que me parece ser seu mérito próprio e muito importante, forçou o Banco Central a regulamentar o crédito consignado, mecanismo há décadas amplamente utilizado pelos participantes das entidades fechadas de previdência privada das estatais, empréstimos a juros baixos com desconto das prestações nas folhas de pagamento.

Este breve histórico, feito apenas com os recursos da minha memória, mostra-me os benefícios da alternância do poder. Depois de oito anos de lulopetismo, penso que o Brasil ganhará com a alternância de poder representada pela vitória de José Serra. E avalio, ele sofrerá a costumeira e aguerrida oposição do PT e do próprio Lula, tensão que fará bem ao Brasil, acho.



A SEGUNDA RAZÃO É O MEU REPÚDIO AO LULOFASCISMO
Vou me dispensar de tecer maiores comentários, uma vez que os interessados podem ler o texto postado em março deste ano, intitulado LULOFASCISMO.


A TERCEIRA RAZÃO É A MAIOR EXPERIÊNCIA PESSOAL DE JOSÉ SERRA, TANTO POLÍTICA QUANTO ADMINISTRATIVA para lidar com a guerra cambial, o déficit público de 1, 3 trilhão, a desindustrialização, etc.

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