CONTRADIÇÃO FUNDAMENTAL

CONTRADIÇÃO FUNDAMENTAL

A realidade apresenta múltiplas contradições. Consiste em uma pluralidade delas. Althusser trabalhou bastante bem este tema.

Qual é a contradição principal, básica ou fundamental, então, do ponto de vista da atual formação social capitalista? Admitindo, por hipótese, que o capitalismo de hoje se caracterize pela predominância da moeda, das finanças e dos seus múltiplos instrumentos. Ou como dizem outros, caracteriza-se pela “financeirização” da economia, ou seja, as finanças dominando a economia real, relativa à produção de bens e serviços, e, em conseqüência, também os povos, os cidadãos do mundo inteiro.

Abro um parêntese para lembrar que o professor Bresser-Pereira considera o atual modo de produção estar mais para o tecno-burocrático do que para o capitalista.

Galvão de Souza em seu “Estado Tecnocrático” já tinha apontado a mesma direção.
Diz este meu professor de Teoria Geral do Estado que os “managers”, do setor público ou privado, dominam com base no mito da neutralidade científica, mito através do qual procuram legitimar-se, formam uma classe social cujo interesse específico é o de manter-se no poder e exercem a sua dominação de classe com base no decisionismo regulamentar.

Será que estes intelectuais apreenderam corretamente a realidade socioeconômica e política institucional de forma correta?

Tenho para mim que sim.

E, ainda hoje, lendo o Clóvis Rossi na Folha de São Paulo, página A17, sob o título “A espantosa boca-livre da banca”, tive mais uma confirmação desta tese. As finanças manejadas pelos managers, tecnoburocratas públicos ou privados, os executivos financeiros dominam.

Rossi chama a atenção para a doação feita ontem, de 529,5 bilhões de euros a 800 bancos. Uma repetição de outra doação feita há três meses, de 489 bilhões de euros a 523 bancos. Doação, diz ele apropriadamente, porque o doador desta grana toda cobra 1% de juros e os bancos aquinhoados com a doação podem cobrar cinco, seis, sete, oito vezes mais para emprestar aos países. O doador não é um produtor de riquezas não. É o Banco Central Europeu.

Não é interessante?

Por outro lado, Clóvis Rossi comenta fala de anteontem do presidente do nosso Banco Central, Alexandre Tombini, no Senado. Desde a quebra do Lehman Brothers em 2008 até o ano passado, tesouros dos Estados e Bancos Centrais derramaram 4,6 trilhões de dólares, o equivalente a produção anual de dois ‘Brasis’. É, afirma, o “tamanho da boca-livre mundial ou da, digamos, Bolsa-Banca”.

Alguma surpresa, pergunta o jornalista, que surjam grupos como os “indignados” ou os vários “Ocupe Wall Street”?

Como vemos, está aí a contradição mundial fundamental. Os agentes das finanças de um lado, como dominadores exploradores e os cidadãos do outro, como dominados explorados.

Mas os dominados explorados estão se organizando. Para acompanhar o movimento de resistência basta você programar o “alerta” do Google para as expressões “direct democracy”, “real democracy”, “democracia direta”, “democracia real”. Vai ver como a luta já vai muito mais intensa e difusa do que imagina.

A revolução digital permite que resolvamos esta contradição fundamental a nosso favor, em prol da cidadania, por mais que isto hoje pareça impossível. Os escravos não se libertaram? Os servos da gleba tambem não? Por que os assalariados não podem administrar as coisas de forma mais justa do que a atual?

À luta, cidadãos!

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