HÁ UM PROPÓSITO?
Filha do Estado de Goiás, de Goiânia.
Não traz o nome do pai. Carrega o sobrenome da mãe, com quem sempre viveu, nome
de um cavaleiro da esperança, para muitos. Nome de uma coluna histórica. A mãe,
pelo relato dela própria, uma morena bem apanhada, a ponto de o patrão desejá-la
amante, sem o conseguir, a mulher tinha caráter, sustentou a filha e a fez
administradora de empresas com três MBAs. Além, pasmem, de incentivar o
atletismo, ajudando-a a tornar-se campeã goiana, em 2002, na modalidade
fisiculturista. Um e cinquenta e oito de altura, sessenta e dois de peso,
sabemos, músculos pesam bem mais do que banha e ela não a tem nenhuma. Falecidos,
ambos, pai e mãe.
Foi na Nossa Senhora de Fátima, em um
domingo de maio que a conheci. Sentada na beirada de um banco vazio, eu me
sentei no meio.
_ Você vai comungar?
_ Tive maus pensamentos, não.
_ Deus perdoa. Sua presença aqui
demonstra o arrependimento.
Levantou-se e caminhou na minha
frente. Soube mais tarde dos motivos que a levaram ao desespero, da ideia de
por fim à vida, aproveitando-se da altura do viaduto. Rediviva, graças a Deus.
Conversa vai, conversa vem, constata-se,
a resiliência foi forjada desde a concepção. Venceu a tentativa de aborto entre
o primeiro e o segundo mês da concepção; antes de nascer sobreviveu ao ônibus
submerso no rio São Domingos do Capim, tragédia que afogou a todos, à exceção
da mãe e de seu sobrinho, saindo, a nascitura, ilesa, por uma janela; não
sucumbiu, ainda, a uma queda, aos três anos de idade, quebrando o nariz, reparado
por cirurgia.
Chega? Tem mais. Aos quinze sofreu
uma tentativa de estupro que a “sorte” lhe salvou. A mãe falece em 23 de março
de 2011, ela quase se desestrutura por completo, flerta com as drogas e aos
trinta e três não morre em um acidente de carro que a fez ficar desacordada durante
três dias no Hugo – Hospital de Urgência de Goiás. Acorda e se reestrutura.
Cavalo de escorpião vem cavalgando a existência,
sem negar a sua natureza. Pessoa de confiança, seu portentoso curriculum prova-o.
Mulher de fé convenceu-se de que Deus tem um propósito para ela.
Patrícia Prestes. Há mesmo um
propósito?
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