Thomas Friedman again!

“That used to be us: How America fell behind in the world it invented an how we can come back” é o título original do livro que o premiado jornalista publicou com o professor de política externa da Universidade John Hopkings, Michael Mandelbaum, em 2011. A Companhia das Letras publicou-o agora, em 2012, como “Éramos nós: A crise americana e como resolve-la”.
Os autores propõem uma terapia de choque no sistema de duopólio político americano. Além dos candidatos dos partidos Democrata e Republicano, em situação de polarização sectária paralisante, advogam a necessidade de uma terceira candidatura nas próximas eleições presidenciais. Independente, representativa do “centro radical”, capaz de provocar uma “conversa de adultos”, que não brigue com a matemática e a física, como as tradicionais costumam fazer. Candidatura de terceiro partido que, embora fadada a perder, influiria na agenda da nação, a exemplo de 1912, com Roosevelt, de 1968, com Wallace e de 1992, com Perot, forçando o vencedor a adotar e implementar partes da agenda desta terceira via, como já ocorreu no passado.
Uma agenda, pois, que influísse no sentido de priorizar “a fórmula americana”, os valores sustentáveis, estratégicos, como são as necessidades educacionais, os investimentos em infraestrutura e inovação, a independência do petróleo estrangeiro e o controle das emissões poluentes, bem como, ainda, o incentivo à imigração dos cérebros mais talentosos e criativos, trazendo-os de qualquer lugar onde se encontrem. A partir daí, tratando também dos valores situacionais, conjunturais, como são as necessidades de equilíbrio orçamentário, definindo os impostos a aumentar e os gastos a suprimir, os benefícios sociais a restringir e os incentivos à criatividade a incrementar.
Em resumo, os autores pregam a renovação da fórmula tradicional, historicamente bem sucedida nos EUA, de “envolver o governo, de formas selecionadas, na ajuda para fomentar um setor privado dinâmico. Das cinco partes dessa fórmula – educação, infraestrutura, imigração, pesquisa e desenvolvimento, e regulamentação”, dizem à página 387, “a educação é a base da força econômica, e a força econômica norte-americana é a base do papel vital, indispensável do país no mundo.”
Por outro lado, o livro reconhece o declínio americano, indica situações negativas, aponta as razões do fracasso político e é, também, uma exortação para a superação dos problemas que aponta, mostrando exemplos de intensa vitalidade. Sobre a democracia representativa diz, à página 275: “A diferença entre as opiniões dos americanos politicamente ativos e do eleitorado como um todo, entre o que o público mais amplo aparentemente quer e o tipo de governança polarizada que obtém significa que existe uma grave dissociação entre o povo americano e o governo que elege. O que significa que o governo representativo dos Estados Unidos atuais não representa exatamente os americanos.”
Ainda, o livro é contextualizado no século XXI. São várias as fontes de turbulência, dizem os autores às páginas 382/283: “governos ditatoriais, como o da China; sociedades reprimidas e revoltadas, como aquelas do mundo árabe; as forças da natureza, que são, como sempre, poderosas e imprevisíveis, conforme nos lembrou a devastação do Japão; e indivíduos solitários, como fonte dos telegramas do WikiLeaks, fortalecidos – na verdade, superfortalecidos – por duas tendências de nossa era: A DA GLOBALIZAÇÃO E A REVOLUÇÃO DA TI.” ( a letra maiúscula e o negrito são meus).
Finalizando, embora mais uma densa reportagem, aliás, bem gostosa de ler, do que um trabalho acadêmico, o livro tem o mérito de apelar para a prudência das elites, antes que o mercado ou a Mãe natureza, como dizem os autores, forcem atitudes drásticas, em um ambiente de alta volatilidade, imprevisibilidade, complexidade e ambigüidade.

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