A GUERRA DOS JUROS!


Os banqueiros brigam para aumentar os juros da taxa SELIC que remunera os seus depósitos, mas o público não sabe, pois eles não expressam este seu interesse. Quem o faz são seus patrocinados, os economistas transformados em analistas, justificados por teorias manipuladas, promovendo, por exemplo, o atual terrorismo inflacionário.

A partir daí, os meios de comunicação amplificam o medo da inflação de várias formas. Apenas um exemplo: o Jornal Nacional da Globo, patrocinado por quem? Bradesco...

E a simulação do interesse é sofisticada. Colocam um biombo para esconde-lo, a fim de disfarçar a sua ganância. Ao invés de interesse dos banqueiros, os analistas o tratam de mercado financeiro e vocalizam-no pelo boletim Focus.

Duas coisas ficam claras.

A primeira é a de que o mercado, de um mero local de compra e venda de produtos financeiros, passa a ser uma entidade, uma idéia tida como um ente real, com humores, como se fosse um ser real. Em filosofia dir-se-ia que fazem a hipostatização da idéia de mercado, operando uma construção metafísica. Mas deixa a filosofia pra lá...

A segunda é a de que tentam impor a satisfação do seu interesse, constrangendo o governo pela força oligopolista que possuem. Procuram, dar ao aumento da taxa SELIC, então, uma conotação de decisão já tomada, decorrente da natureza das coisas, mesmo antes do evento decisório por parte do COPOM.

E se os preços agora apontam para a queda da inflação e retiram a legitimidade da sua reivindicação, então, deslocam o foco, passando da economia para a política. E assim vão mantendo a hegemonia cultural necessária à defesa de seus interesses, o aumento dos seus lucros através do aumento da taxa de juros SELIC, que, relembre-se, remunera os depósitos que todos fazemos em suas agências bancárias.

É curioso observar a escalada lingüística. O discurso começou acusando o governo de tolerante com a inflação. Em seguida de leniente ou negligente, aumentando o tom.

Depois, elevando exponencialmente o tom, acusou o governo de ter abandonado o próprio combate à inflação e optado pelo crescimento, sem preocupação com a generalização e a dispersão do aumento de preços. Uma variação amenizada desta colocação foi a de que houve pelo menos o abandono dos 4,5% como centro da meta de inflação e esta teria se fixado no teto da meta, 6,5%.

O biombo do interesse no aumento da taxa de juros SELIC ganhou foros de verdadeira necessidade macroeconômica em razão do choque do preço do tomate que escasseou por causa das chuvas. Aí o tom dos ataques perdeu a compostura tecnicista e passou a ridicularizar mesmo. O governo já estaria sendo motivo de piada nas ruas... o tomate virando colar..., etc.

Bem, mas os preços começaram a baixar! Ah, reagiu o oligopólio dos bancos através de seus arautos: então o aumento tem de vir em razão de um viés político. Entretanto, qual seria ele? De fato, não contrariar o oligopólio dos bancos, mas sem menciona-lo, alegando outras razões, político-eleitorais, por exemplo.

Finalizo. Eu desejo e espero que a presidenta Dilma resista e mantenha a taxa SELIC nos atuais 7,5%. Que Tomibini, Mantega e ela resistam. E, pelo contrário, que consigam avançar, pondo um limite às taxas extorsivas cobradas nos empréstimos bancários.

Mas, quem sou eu?  

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