O FUTURO DA DEMOCRACIA, ELETRÔNICA!
Bobbio disse
que o estágio de desenvolvimento de uma democracia deve ser avaliado pelo
número de locais, em que as escolhas são feitas mediante votação. Não mais,
afirma, apenas pelo número de pleitos realizados para eleger representantes.
Porém, sobre
decidirmos através de representantes eleitos, meu tataraneto poderá referir-se
como algo ultrapassado, coisa do tempo do meu tataravô. Imagine, refletirá com
os colegas, naquele tempo eles não decidiam diretamente, elegiam quem decidisse
por eles. Inclusive, acrescentaria abismado, sobre o destino do dinheiro que
cobravam dos eleitores e que servia, também, para o sustento dos próprios eleitos.
Destarte, dinheiro
lembra banqueiros. Ouvidos 176 executivos de 62 países pela consultoria PwC,
81% deles apontaram a velocidade de mudanças tecnológicas como o seu segundo
principal pesadelo, perdendo, somente, para o excesso de regulação,
(“Banqueiros temem avanço de start-ups” FSP, 30-05-16, p.A14).
Tenho a
impressão, pois, de que a velocidade da revolução digital não é um pesadelo
para a classe política brasileira. Enquanto as caldeiras pegam fogo, no convés,
assiste-se a um balé dançado ao som dos acordes do impeachment, com golpes de tambor ao fundo. Entretanto, dançam as músicas
coreografadas pelos DJs do Movimento Brasil Livre, do Vem pra Rua, do Acorda
Brasil, do Revoltados online, do Endireita Brasil, do Por um Brasil Melhor, do
Nas ruas, etc, etc, etc! A sociedade em rede já está no comando! A manifestação
de junho de 2013 foi tão só a avant-premiere!
Ademais, apesar
deste salto qualitativo, a classe política faz cogitações próprias da era pré-Internet:
distritão, distrital puro, distrital com recall,
distrital misto! Cláusula de barreira partidária, financiamento de campanha,
distribuição de tempo de televisão, fundo partidário, coligação partidária, constituinte
para reforma política, etc, etc, etc! Quousque tandem!
Evoluamos,
pois, da era pré-Internet à consideração dos reflexos políticos da Internet. Há
dez anos, no livro “Brancosos”, o constitucionalista português Canotilho
reclamou, dos juristas, a elaboração dos equivalentes jurídicos da democracia
eletrônica. Entretanto, o dever de originalidade perante o mundo é dos
brasileiros!
Assim sendo, queridos hackers de todo o Brasil, por favor, desenvolvam as plataformas
necessárias e suficientes à nossa futura democracia digital, eletrônica! E
apliquemos o dinheiro economizado com o custo da representação política nas
pesquisas científicas!
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