BOLSONARO, SEM SURPRESA!
Lá pelas
cinco da tarde, a canadense Emilie Brunet venceu a minha resistência,
interrompemos a aula de Inglês, caminhamos pela Av. Dr. Arnaldo até a Rua Oscar
Freire e tomamos o ônibus em direção ao Largo da Batata, no bairro de
Pinheiros.
Assim que subimos o degrau do coletivo percebi que estaríamos diante de um acontecimento
importante. Eram muitos jovens, muita gente a pé na mesma direção. Às tantas o
trânsito congestionou e as pessoas desceram. Corria o dia 17 de junho de 2013, uma segunda-feira.
O Largo da
Batata se transformou em um mar de gente, como há anos não se via em
manifestação espontânea. O tsunami humano invadiu a Av. Faria Lima, a Av.
Rebouças, subiu a ponte espraiada indo até à Av. Bandeirantes. Foi seguido por
um terremoto humano que sacudiu o país todo durante a semana inteira.
A luta do
movimento estudantil passe-livre contra o aumento de vinte centavos nas passagens,
brutalmente reprimido na sexta-feira anterior, detonou o barril da indignação
entalado na garganta dos cidadãos. Ocorreu a explosão contra a ineficiência do Estado
na prestação dos serviços públicos, apesar da sufocante carga tributária, e,
contra os partidos políticos, agressivamente rejeitados por gritos de “sem
partido”.
Os cidadãos,
desta feita, conquistaram um ganho extraordinário do Congresso Nacional, o
arquivamento da PEC 37 que retiraria o poder de investigação criminal do
Ministério Público. Este fato, somado à aprovação da lei anticorrupção, também
em 2013, possibilitaram o combate à corrupção.
Neste
panorama, a operação Lava-Jato evidenciou a corrupção sistêmica que corroeu o
Estado e a Petrobrás, os maiores partidos políticos e famosos integrantes, grandes empresas e
poderosos empresários, a indústria dos sindicatos e até membros de corporações
de servidores públicos.
Brevemente.
As coisas melhoraram desde as jornadas de junho de 2013?
À época uma Dilma
assustada foi à televisão propor um plebiscito e uma constituinte exclusiva.
Ninguém deu atenção à alienada. Em 2014, Dilma se reelege mediante estelionato e
corrupção fartamente demonstrada pelo voto do Ministro Herman Benjamin, do
Tribunal Superior Eleitoral, proferido na decisão sobre a cassação ou não da
chapa Dilma-Temer. O Ministro Gilmar Mendes, em nome da estabilidade, manteve
Temer no poder e os cidadãos apenas ouviram, olharam e ficaram aguardando.
No entanto,
antes desta decisão que manteve Temer, em março de 2016, seis milhões de
cidadãos foram às ruas e o Congresso Nacional, presidido pelo presidente do Supremo
Tribunal Federal, decretou o impedimento da presidente, uma vez que ela não
obteve 171 votos para se manter, conseguindo apenas 146. Benevolentes,
tiraram-na da presidência, mas não lhe cassaram os direitos políticos. Dilma esperneou
gritando que o instituto constitucional do impeachment
fora um golpe e vocalizou politicamente o “Fora Temer”. Saiu deixando o
país na pior, com a maior e mais prolongada recessão da sua história, com 14
milhões de desempregados, milhares de empresas fechadas e um tremendo rombo nas
contas do governo.
Por outro
lado, o líder lulofascista ainda tentou eleger o poste Alexandre Padilha para
governador de São Paulo e reeleger o poste Haddad prefeito da capital. Não
conseguiu nem uma coisa nem outra. Acabou condenado em segunda instância, amarga
a cadeia e só tem votos nas áreas mais atrasadas do país. Ainda assim conseguiu
chacinar Ciro Gomes, como Delfim Netto denunciou na Folha de ontem, 05 de outubro.
Destarte, enquanto a mídia fica refém
do político preso, a população que luta para sobreviver e carregar o Estado nas
costas vê suas vidas cada vez mais ameaçadas pelos narcotraficantes, capazes de
instaurar o estado de insegurança máxima no país.
Em face de
todas essas ocorrências desde as jornadas de junho de 2013 ainda pode sobrar alguma
surpresa se amanhã o capitão reformado e deputado Jair Bolsonaro ganhar as
eleições presidenciais já no primeiro turno?
Para mim,
não.
Finalizo com
Ruy Castro: “Mas é claro que Haddad não é filho de Lula. Hoje sabemos que, a
exemplo das amebas, que, por um processo de bipartição, geram seus iguais, o
verdadeiro filho de Lula é Bolsonaro. (Pais e filhos, FSP 05/18,p.A2.)” . De fato, Lula dividiu o país entre "nós" e "eles", desqualificou os indignados nas ruas como "coxinhas", desmereceu a educação e o combate aos juros escorchantes em prol das políticas identitárias, ameaçou os brasileiros honestos com o exército do Stedile, tentou deslegitimar o Poder Judiciário com o discurso da perseguição política, transformou o seu partido em uma seita de bloqueados cognitivos, no partido da mentira segundo Ferreira Goulart, não se cansa de elogiar Cuba e Venezuela, lamentou não ter aparelhado as Forças Armadas, incentivou o discurso da presidente da seita a dizer que gente iria morrer, muita gente iria morrer se ele fosse preso e continuou até o fim, com a farsa e o embuste de uma candidatura já descartada pela Justiça.
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