NOVA ERA !
Uma nova era
surge com a Internet, o WWW World Wide Web em abril de 1993, a internet das
coisas, a impressora 3D, a robotização, o Big Data, a inteligência artificial, a
energia renovável com o barateamento das placas fotovoltaicas, a plataforma blockchain e as criptomoedas, a exemplo
do Bitcoin, a sociedade do compartilhamento
a exemplo do AirBnb, a economia
digital e o e-commerce, a indústria 4.0, o smartphone,
verdadeiro computador de mão ao alcance de quase todo mundo, a comunicação em
tempo real através das mídias sociais, vídeos e lives!
Estes
elementos da nova era constituem a base material da nossa sociedade capitalista
atual, sociedade em rede, informacional, um capitalismo global, de economia digital
e de conhecimento, de empresas transnacionais que podem operar vinte e quatro horas
ininterruptas, buscando, entre os países, as vantagens comparativas mais
adequadas para comprar os seus insumos, produzir as suas partes, montar os seus
produtos, transportá-los, comercializá-los e atender aos seus consumidores.
Por outro
lado, a quantas anda o nosso sistema decisório e a nossa mentalidade
político-jurídica? Defasados, atrasados, distanciados da realidade material da
sociedade, desajustados em relação à nova era, com dificuldades de
compreendê-la, reconhecê-la e assimilá-la, quase sem capacidade de ajustar-se a
ela e de mentalmente lhe corresponder, de fazer com que as mentes entrem em
sintonia com esta nova era.
Destarte, a
sabedora popular sintetiza essa defasagem entre a situação real e a situação
mental com expressões do tipo: a ficha não caiu, a ficha está demorando a cair,
a ficha não está caindo, não caiu a ficha!
Nessa linha,
um exemplo ilustra bem este atraso mental em relação à mudança da condição
material.
Conta-se que um sapateiro fecha a porta da sua
sapataria e entra numa fábrica com a intenção de poupar e abrir uma nova
sapataria, assim que as condições melhorem. O sapateiro é, agora, materialmente
um operário de fábrica e, mentalmente, um sapateiro autônomo. Há uma não correspondência
entre a sua situação material e a sua situação mental. Ocorre que o tempo passa
e não havendo melhora, ele desiste de ser um sapateiro autônomo e adere ao
sindicato dos operários. Nesta hora em que ele adere ao sindicato, torna-se,
também, mentalmente operário, estabelecendo uma verdadeira correspondência
entre a sua situação material e a sua situação mental.
Este exemplo
mostra que a condição mental demora a ajustar-se à condição material. Esta caminha
mais depressa, muda mais rapidamente, como vemos com a revolução digital e o
capitalismo de conhecimento em relação ao nosso sistema decisório e a
mentalidade dos nossos políticos, ainda presos à mentalidade pré-internet, aos
paradigmas físicos, territoriais, em um mundo que caminha para a democracia direta
digital, virtual; haja vista, o papel do WhatsApp nas últimas eleições.
Finalizo com
o constitucionalista português José Joaquim Gomes Canotilho: “...os juristas
precisam elaborar os equivalentes jurídicos da democracia eletrônica” ( “Brancosos”
e Interconstitucionalidade, Edições Almedina SA. 1º. edição, Março, 2006)
NOTA. Se o
eventual leitor quiser aprofundar-se, convido-o à leitura do meu livro “Internetismo/Internetism”,
disponível gratuitamente na página “Internetism Book” do Facebook.
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