SOU MOURÃO !
Corria o ano
de 1977, Samuel Huntington veio trazer a mensagem de Jimmy Carter para os
militares devolverem o poder aos civis, restaurando a democracia na América Latina.
Era a orientação da Comissão Trilateral fundada por David Rockefeller, impressionada
com as quedas das ditaduras de direita, grega em 1972 e portuguesa em 1974. Estava
apavorada porque, nos dois casos, os comunistas subiram ao poder.
No Brasil,
então, o General Geisel fechou o Congresso Nacional, editou o pacote de abril,
criou a figura do terceiro senador de cada Estado, a ser nomeado por ele, aumentando,
ainda, para seis anos, o mandato de quem o sucedesse. Incontinente anunciou a
abertura lenta, gradual e segura da ditatura, com o objetivo de devolver o
poder aos civis e restaurar a democracia, ainda que a “relativa”, pregada por
Huntington.
O ambiente
era de medo e de intimidação. Sentia-me um exilado dentro do meu próprio país,
com receio de externar as minhas opiniões. Neste clima, enquanto as alas
militares disputavam a sucessão de Ernesto Geisel e a indicação do militar que
seria eleito indiretamente pelo Colégio Eleitoral, Magalhães Pinto, banqueiro e
político, ex- Ministro e ex- Governador de Minas Gerais, apoiador do
movimento/golpe de 1964, lança-se candidato civil à Presidência da República, como
nome alternativo à consideração dos membros do Colégio Eleitoral.
Seu gesto
caiu como um raio de luz a iluminar a escuridão. Nasceu dentro de mim uma
esperança. Percebi a contradição que seu gesto estabelecia em relação ao
sistema militar, entendi justo e necessário explora-la e lancei o “Movimento
Popular de Apoio à Candidatura Civil de Magalhães Pinto”, na cidade de Bauru,
onde, em 1977, eu morava. Houve repercussão, mídia, a classe artística se
despertou e Magalhães Pinto me chamou para uma reunião em São Paulo, na casa da
atriz Ruth Escobar.
A História
mostra, entretanto, que o movimento fracassou, o General Figueiredo foi
escolhido pelos militares, homologado presidente pelo Colégio Eleitoral e
presidiu o Brasil de 1979 a 1985, quando, então, os civis voltaram ao poder com
Trancredo e Sarney e a democracia política foi restaurada pela Constituição
Federal de 1988.
Mas por que
recordar essa história do meu passado, já tão distante, em pleno fevereiro de
2019? Porque percebo uma contradição entre as cosmovisões de Bolsonaro e de
Mourão. E, embora eu tenha votado nesta chapa para afastar o lulofascismo do poder,
entendo, agora, ser mais do que necessário um “movimento popular de apoio ao
general Mourão”!
PORTANTO, # SOU MOURÃO!
PORTANTO, # SOU MOURÃO!
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