MDB PT 2018



            É o que está a me ocorrer. A repetição da mesma coligação de 2014, apenas invertendo as posições da chapa, sendo agora, a vez do MDB de encabeça-la, indicando o nome à presidente e, ao PT, cabendo indicação à vice-presidência.

            Razões?

            A primeira é o reconhecimento de que não devemos subestimar os políticos profissionais. Lula e Temer em primeiro lugar, FHC e Marina Silva em segundo lugar, Álvaro Dias, Ciro Gomes e Geraldo em terceiro, Haddad, Bolsonaro e Manuela em quarto lugar. Os demais, ainda que bem sucedidos em outros campos de atividade, são iniciantes na política profissional eleitoral: Meirelles, Barbosa, Boulos, Amoedo.

            Sim, sob o critério da competência no manejo político, da capacidade de liderar, articular, influir, fazer prevalecer a sua vontade ou a de seu grupo. Apenas sob este ângulo, pois, independente da retórica e dos discursos destinados a agregar e unir seus nichos, tão disputados no mercado concorrencial de votos.

            Na fase atual, considero Lula e Temer os mais competentes. Como o estilo é o homem, Lula é o carismático intuitivo e Temer é o racional calculista. Ambos habilidosíssimos
.
            De fato, o primeiro é um gigante. É dono de um partido, elegeu-se duas vezes presidente, fez a Dilma e o Haddad, mas perdeu com o Padilha, e seu partido, em 2016, perdeu dois terços das prefeituras que detinha. Agora, ele próprio amarga a prisão, tornando-se inelegível. Bom político que é, esperneia para manter a liderança e conservar a capacidade de transferir votos, o que as pesquisas, até certo ponto, confirmam.

            Gigante, igualmente, o segundo também o é! Contrário ao populismo pela origem acadêmica afeita ao rigor da pesquisa científica, adepto do positivismo de Kelsen, chefe da pós-graduação em Direito Constitucional da PUCSP, fez carreira de Estado como procurador em São Paulo, chegando a procurador chefe e secretário de segurança de Montoro. Migrou para a política em 1986 como deputado constituinte. Três vezes presidente da Câmara dos Deputados e presidente do PMDB, um partido federalista, já que formado por grupos regionais; vice-presidente e agora presidente.

            O Governo Temer foi excelente até aqui, uma verdadeira revolução silenciosa. Entretanto, as várias denúncias e a baixa popularidade estão levando-o a nocaute! Certo é que ele se levantou antes do término da contagem nas duas tentativas anteriores. Mas como já estamos quase em maio, pode ser que o cenário eleitoral paralise o governo. Neste ponto específico, vamos aguardar e conferir.

            A segunda razão decorre das necessidades de uma campanha presidencial: capilaridade partidária, tempo de televisão e dinheiro. O MDB é o partido com mais capilaridade, tem o maior número de prefeituras no país, mais de mil. O PT, em razão de ter a maior bancada na Câmara depois de fechada a janela aberta para a troca de partido sem perda de mandato, terá o maior tempo de televisão. O MDB vem logo atrás. Também, o fundo eleitoral será rateado conforme a quantidade de deputados. O PT com o maior quinhão, o MDB logo atrás. São muitos, muitos milhões para cada um destes dois partidos. Last, but not least, o controle da máquina federal ajuda o candidato da situação.

            A terceira razão é o surgimento de um novo sujeito histórico e político construído desde as manifestações de junho de 2013: os cidadãos fazendo democracia direta, começando por arquivar a PEC 37, sem o que não teríamos Lava-Jato. O ativismo contra a corrupção é feito pela classe média, esta que paga imposto de renda, população que não chega a 29 milhões de habitantes, mas é o extrato social que mais pesa e influi na condução dos destinos políticos e dos votos. Mais de seis milhões nas ruas em março de 2016.

            E o que quer a classe média? Um candidato que não esteja envolvido na Lava Jato, tenha experiência administrativa, compromisso com as reformas, maturidade emocional e que diminua o peso orçamentário do Estado, liberando as energias empreendedoras sufocadas pela burocracia. Entretanto, aqui também há um last but not least: o andar de cima, especialmente a federação dos bancos, tem de concordar com o nome palatável aos cidadãos, mormente a parcela da classe média mais ativa no combate à corrupção.

            A quarta razão vem da histórica. O segundo turno em 1989 se deu entre Collor, com aproximadamente 17% dos votos válidos no primeiro turno e Lula, com aproximadamente16%. Ora, diante da fragmentação do quadro atual, as pesquisas de 2018 dão Bolsonaro em torno dos 17%, perdendo, no segundo turno, apenas para Barbosa. Penso que Marina Silva crescerá muito. Exemplo de superação, vítima na construção da Rede, vítima da sórdida campanha da Dilma, tem recall de duas campanhas presidenciais, é figura reconhecida internacionalmente, não é populista, articula, está preparada e se expressa bem. O povo brasileiro pode reconhecer a sua luta pessoal e política, dando-lhe uma chance. È da nossa índole!

            Diante destas quatro razões sou levado a formular uma pergunta. Os dois gigantes da política profissional, Lula e Temer preferirão se unir para conservar o poder nas mãos de seus respectivos partidos figurando como polo de atração de parte dos demais (PP, PSD e outros) ou preferirão abrigar-se como coadjuvantes de Marina ou Barbosa?

            E a resposta, parafraseando o ministro Marco Aurélio, é desenganadamente a primeira proposição da disjuntiva! Hoje parece impossível, não?

            Nomes pertencentes ao MDB e ao PT que preencham os requisitos exigidos pela classe média ativa no combate à corrupção? Tem sim, adivinhem! Quem são?.

Comentários

Unknown disse…
Boa noite professor,
Tenho muita admiração e repeito pelo seu trabalho e agradeço a oportunidade de ter lhe conhecido, sou seu ex aluno da Drumond e acompanho seu blog abaixo esboço meu comentário, um abraço.

Os grandes partidos creio que com a lava jato vem para 2018 desgastados, não farão presidente e nem governador, perderam cadeiras no congresso nacional, a grande tendência no meu ver é de renovação da câmara, a população não acredita mais nos candidatos que ai estão e com a reforma política e fiscalização do TRE espero uma nova virada.O que me entristesse é saber que poucos se interessam pela política e que a nova geração não esta interessada, deveríamos ter uma materia nas facultades de ciência política para tentar incentivar o jovem a se politizar com pensamentos inovadores, isso que espero do meu Brasil chega de figuras tarimbadas que favorecem banqueiros e empresas em troca de favores pessoais precisamos mudar renovar o quadro politico atual.
Marcos Peixoto disse…
Obrigado pelas palavras Marcelo. Quanto ao comentário, concordo. Depois de vinte e sete anos de magistério resolvi apresentar o meu nome à deputado estadual pelo Podemos (19). Quero contribuir com a necessária renovação que você reivindica e conto com as suas sugestões. Abraços Marcos Peixoto.

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