MARIA ELISA
Corria o dia
27 de fevereiro de 1987, uma sexta-feira, Maria Elisa e eu lideramos uma
passeata de inquilinos intranquilos com o fim do congelamento dos aluguéis,
então decretado por Sarney, ano da moeda Cruzado, último dia, pois, de um ano
de congelamento de todos os preços da economia. O Ministro da moeda Cruzado foi
João Sayad, meu colega da economia da USP, onde entramos em 1964.
O Movimento
Permanente dos Inquilinos Intranquilos, organizado por Maria Elisa, repercutiu intensamente
na mídia. Acabei como seu assessor jurídico, obrigado a acompanhar as questões
relativas à moradia por força da função de assessor do então Secretário
Executivo da Habitação do Governo Montoro, o, até hoje um amigo querido, o
médico sanitarista José Carlos Seixas.
Chamou-me a
atenção, à época, a habilidade de Sarney e seu Consultor Geral, o advogado
Saulo Ramos. Na segunda-feira Sarney publica um projeto de lei para uma nova
lei do inquilinato, uma colcha de retalhos aglutinando as reivindicações de
todos os setores interessados no tema, inquilinos, proprietários, construtores,
administradores de condomínio, arquitetos, engenheiros, poder judiciário e quem
mais pudesse se interessar.
Com a medida
Sarney deslocou o movimento, da rua para os debates nas rádios, televisões e
imprensa. Mal dávamos conta de comparecer a todos. Mas o movimento esteve
presente e participou da elaboração da nova lei do inquilinato, a Lei Federal
n. 8245/1991, vigente até o momento, uma lei pacificadora dos conflitos até
então muito agudos.
Maria Elisa
Jardim Barbosa merece esta recordação e a minha carinhosa homenagem.
Comentários
Obrigada
Marilia Bello