ODEBRECHT E NAKANO DEFENDEM A PRODUÇÃO. MAS, E DAÍ?

No Folhão deste domingo encontrei duas matérias expondo a mesma tese, a respeito da insuficiência do aumento isolado das taxas de juros para, ao mesmo tempo, de um lado, controlar a inflação e, de outro, permitir aumentar a oferta de bens (Odebrecht) sem apreciar a taxa de câmbio (Nakano). Para ambos o mais importante para derrotar a inflação é aumentar os investimentos e ampliar a capacidade produtiva.

A tese do empresário Emílio Odebrecht vem exposta sob o título “Um círculo vicioso”, à página A2. A do economista e professor da FGV Yoshiaki Nakano, intitula-se “Juros e câmbio de novo!”, à página B5.

Segundo Odebrecht, “precisamos de mais poupança e crédito contínuo, estável e a juros que estimulem os investimentos. Só assim nossa estrutura produtiva se ampliará e a economia seguirá seu curso, livre de soluços de aumento de juros a cada sinalização de crescimento da inflação provocado pelo desequilíbrio entre oferta e demanda.”

Na mesma linha, para Nakano, “ o que garantirá a transitoriedade da aceleração da inflação e seu controle no futuro será a ampliação da capacidade produtiva.

Daí porque, afirma Odebrecht: “Se não agirmos de forma coordenada sobre as causas, sairemos deste período inflacionário para cair logo adiante em outro da mesma natureza.”

E no mesmo diapasão, conclui Nakano: “O atual ‘mix’ de política, que já completou uma década, vem provocando especialização regressiva da estrutura produtiva do país, com repetição cíclica de períodos de apreciação cambial seguidos de forte e súbita depreciação, com reprodução sistemática de surtos inflacionários.”

Os dois autores procuram mostrar que, diante da inflação crescente, já detectada por mais de um índice que a mede, apenas aumentar os juros da taxa selic não é solução suficiente para conquistar a estabilidade da economia produtiva e, de fato, derrotar a inflação.

Isto porque, conforme Odebrecht, cria-se um gargalo entre a oferta e a demanda, um verdadeiro círculo vicioso. Já Nakano aponta para a gangorra da apreciação e depreciação anormal da taxa de câmbio, uma inconveniência econômica.

Estas opiniões são levadas em conta? Qual a ponderação que o Banco Central dá a elas em relação ao boletim Focus? Não é hora de aperfeiçoar as instituições do País, construindo um espaço para que os vários setores da economia, além do financeiro, possam opinar com alguma capacidade de influência? Espaço institucional que possa contar também com a participação da academia?

Ou devemos continuar com uma queda de braço entre a produção, o comércio e as finanças? Queda de braço assistido pela academia em posição de expectativa e de crítica nefelibata.

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