SENTIMENTO DE IMPOTÊNCIA
O
sentimento é de impotência em relação ao poder político. Sentimento pessimista,
ou, talvez, realista. Não sei, obviamente, se apenas eu o sinto. Ou ainda, se
somos alguns a senti-lo, se muitos ou se quase todos os brasileiros. Impotência
em face da política.
Passei
a observar este meu sentimento a partir do apelo do papa Francisco. É que ele
pede aos cristãos que entrem na política, participem, opinem e influenciem.
Ouvi e li a exortação. A minha reação imediata foi este profundo sentimento de
impotência.
Impotência
diante dos mecanismos de acesso e de exercício do poder político. Impotência
diante dos oligopólios econômico-financeiros. Impotência em relação ao sistema
tributário regressivo, impotência..., etc!
Calma, Marcos. Francisco não nos pede que
salvemos o mundo das profundas injustiças sociais, da abissal desigualdade de
oportunidades. Não pede que sejamos Deus! Apenas, como filhos, que façamos a
nossa nanométrica parte.
Sinto-me
melhor, agora! Continuarei professor, tentando ajudar aos jovens universitários!
Entretanto,
obrigo-me a uma palavra sociológica neste ano eleitoral de 2018. Assim, constato
que há uma defasagem entre a evolução material da sociedade e a mentalidade do
conjunto dos políticos, acompanhada esta, das instituições que lhe correspondem.
De
fato, de um lado, observo a globalização da produção, a revolução digital, a
robotização, a inteligência artificial, a internet das coisas, a impressora 3D,
a revolução da plataforma blockchain, as criptomoedas, a economia de
compartilhamento, a energia renovável, a sociedade de custo marginal zero, etc.
E,
de outro lado, em termos políticos mundiais, relativo ao sistema decisório, verifico
que nós, terráqueos, estamos organizados sob uma engenharia eleitoral partidária
construída ainda antes do advento da própria internet ou do “www”, de abril de
1993. Sim, aqui em solo pátrio, a engenharia eleitoral partidária foi construída
sob a égide do monopólio dos partidos políticos, previsto na Constituição de
1988.
Ao
apontar esta contradição entre a base material da sociedade e a superestrutura
político-jurídica no mundo e no Brasil, desejo finalizar. E, para tal, trago a
percepção do professor Canotilho, de fevereiro de 2006, em seu livro “Interconstitucionalidade”:
“precisamos elaborar os equivalentes jurídicos da democracia eletrônica”.
Caso
contrário, precisaremos acreditar que o resultado das próximas eleições
presidenciais que ocorrerão em alguns países, em 2018, não terá sido manipulado
por hackers de todo o mundo!
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