2018
Irene
me pede apenas um texto otimista, sem dizer em relação ao quê, a quem e onde. Mas
delimita: 2018. Bem, hoje é dia de Reis no calendário católico, início de ano,
pois. Nostradamus previu a terceira guerra mundial para depois da morte do Papa
Navegador, São João Paulo II. Esperemos, então, que não seja neste ano.
Vindo
do mundo para a nossa América Latina, otimismo, parece-me, é esperar o fim da
ditadura Maduro mediante diálogo, sem a necessidade de aprovação, pelos
organismos internacionais e regionais, de intervenção militar que salve o povo
venezuelano da fome e da repressão imposta pelo ditador.
Chegando
ao Brasil, pois, em primeiro lugar, espero que a idiotia lulofascista e a
idiotia contrária não nos leve a uma guerra civil. E, mais, apesar da atual e
intensa tensão social perceptível nos transportes coletivos, que cheguemos a
2019 com a taça do mundo a ser conquistada na Rússia e com um presidente eleito
em eleições limpas e justas, após uma campanha eleitoral civilizada, em que os
candidatos apresentem propostas para a solução dos problemas brasileiros, sem a
baixeza e a sordidez do segundo turno da eleição de 2014.
Por
outro lado, sou otimista quanto à continuidade da luta dos cidadãos em combater
a corrupção; em apoiar a Justiça e a operação Lava-Jato; em inibir, através das
redes sociais e da pressão direta às autoridades, as eventuais e novas tentativas
de paralisar o seu combate.
Penso,
ainda, não seria esperar demais que o poder incumbente listasse os cem
principais problemas brasileiros, dissesse quanto tem para gastar na solução de
cada um deles e, pela internet, permitisse aos cidadãos tanto colaborar na sua
priorização quanto apontar os eventualmente não listados. Depois, permitisse
aos cidadãos participar do encontro das melhores soluções.
Há,
porém, um complicador. É que o dinheiro é um só, mesmo somando o valor de todos
os bens, produtos e serviços. E empresários querem mais lucro e menos
trabalhadores, os cidadãos querem mais trabalho e maiores salários, os bancos
querem juros maiores e as empresas e consumidores juros menores, o Governo quer
tomar dinheiro emprestado da sociedade pagando juros menores e quem lhe
empresta quer juros maiores. Sem falar, ainda, que os Governos querem arrecadar cada
vez mais tirando o dinheiro do bolso e da mesa das famílias e estas querem
pagar menos tributos.
Paro
por aqui, lembrando que não há mágica quando o dinheiro é um só. A sua
distribuição é conflituosa, cada classe social, estamento, casta, categoria querendo
a maior parte. E finalizo afirmando meu pessimismo quanto à superação da mais
gritante perversidade social brasileira: a de cobrar mais tributos de quem pode
menos.
Espero, contudo, que o meu pessimismo seja negado em 2018.
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