FRANCISCO, UMA HOMENAGEM E UMA DENÚNCIA!
Em homenagem ao Papa Francisco,
eu denuncio, por dever cristão, uma injustiça!
Começo, então, recordando, a complexa vida em
sociedade pode ser reduzida a três fundamentos: autoridade, troca e persuasão.
Eles se interpenetram e se influenciam simultaneamente, ora um destes três
pilares, ora outro, assumindo papel mais relevante sobre os demais.
Destarte, a denúncia diz respeito à injusta
transferência de renda da sociedade, seus cidadãos e contribuintes, aos bancos.
A razão? A leniência no exercício das autoridades, presidencial, fazendária e
monetária, em face da persuasão orquestrada por economistas e consultores, no
interesse do lucro das casas bancárias.
De fato, as autoridades, monetária, fazendária e
presidencial perseguiram uma meta de juros reais de 2%, levando a famosa taxa
SELIC a 7,25%, taxa esta que já foi, em certos períodos, de mais de 20% ao ano.
Demonstrando coragem ímpar, a presidente/a Dilma diminuiu a rentabilidade da
caderneta de poupança, até então, verdadeiro tabu, a fim de baixar os juros
reais da taxa SELIC para patamares internacionais, mostrando, ainda, que as
autoridades enfrentam o poder econômico e exercem seu poder político em
benefício do povo.
É mesmo? Ora, ora... . Não deu outra. As autoridades
amarelaram!
Sim, amarelaram diante da campanha de descrédito da
presidente/a, do seu ministro da fazenda e mesmo do próprio banco central,
especialmente de seu presidente. O mote da campanha foi a inflação. Agitaram a
bandeira da negligência, do preço do tomate, da inadimplência das prestações de
financiamento, das manifestações dos jovens, da subida do dólar, da perda de
confiança dos investidores na política econômica, do (para eles) indesejável
pleno emprego, dos gastos governamentais decorrente de política fiscal
expansionista, praticando um verdadeiro terrorismo econômico, com uma única
finalidade: persuadir as autoridades a elevar o lucro dos bancos em nome do
combate à inflação! E conseguiram.
Encurraladas pela persuasão dos economistas, consultores
e jornalistas econômicos diariamente entrevistados pelas mídias, as autoridades
subiram os juros da taxa SELIC.
Entretanto, “A inflação perde força”, mas “não
dá para dizer que o aperto de 1,25 ponto percentual desde abril para o atual
nível de 8,5% ao ano já esteja contribuindo para o arrefecimento da inflação,
porque a política de juros leva de seis a nove meses para produzir efeito.”
(Celso Ming, Estadão, Economia, 20 de julho, pág. B2).
Celso Ming diz: a inflação perde força sem ter nada a ver com o
aumento de juros da taxa SELIC. Foi isso o que eu li?
Pergunto, então? Para que serviu aumentar a taxa
SELIC? Penso que atendeu a pelo menos três objetivos: o primeiro, arrefecer a
campanha contra as autoridades; o segundo, reconquistar a confiança dos bancos,
financiadores das campanhas reeleitorais; o terceiro, proporcionar maior lucro
aos financiadores, melhorando suas expectativas, a fim de cobrar maiores
contribuições nas campanhas de 2014.
Aumento desnecessário, segundo Celso Ming, a ser
pago pelos contribuintes, em detrimento do bem comum do povo. Não deixa de ser
um tipo de mensalão, só que bem mais sofisticado! Afinal, o Banco Central
“remunera pela taxa SELIC (!) os saldos diários de caixa dos bancos” ( Amir
Khair, Estadão, Economia, 10 de março, pág. B4).
Pois é! Em quanto monta esta tremenda injustiça?
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