DOZE RAZÕES EXPLICAM PORQUE MARINA SILVA SERÁ PRESIDENTE EM 2010

Partindo do pressuposto de que o povo não é burro e acreditando que entre a mais bela teoria e o bom senso popular, este tende a estar mais próximo da verdade, Marina Silva se elegerá presidente do Brasil em 2010.

Um bom exemplo desta sabedoria popular foi a derrota das elites políticas, eclesiásticas e das celebridades no plebiscito que decidiu sobre o direito de o povo comprar armas. Apesar da intensa e maciça campanha que veio dos extratos mais influentes do andar de cima, o “não” à revogação deste direito obteve 64% dos votos contra os 34% dos que votaram pela revogação do direito de o povo comprar armas.

É claro que a pretensão arrogante daquelas castas influentes atribuiu a sua própria derrota à má campanha publicitária que teriam feito. Com esta desculpa tentaram confirmar para si próprios, a descrença que têm na capacidade do povo de julgar e decidir o melhor para ele. Entretanto, as pesquisas mostraram que as decisões surgiram de discussões feitas predominantemente em casa, com a família, e, no ambiente de trabalho. O povo, pois, pensou, refletiu, discutiu com os mais próximos e decidiu. Bem, aliás.

Justificada a minha fé na capacidade do discernimento popular, vejamos porque o povo elegerá Marina Silva.

Em primeiro lugar e como ponto mais importante, porque o povo perceberá que ela é a mais preparada para o principal desafio da atualidade, que é reorientar o padrão de desenvolvimento socioeconômico, do predatório para o não predatório, sustentável.

Em segundo lugar, porque é ela a que mais conhece a metade do Brasil que está no meio do palco das necessidades e interesses do planeta e do Brasil, a Amazônia.

Em terceiro lugar, porque, como figura humana exala força moral e revela coragem, determinação e amor ao próximo. Tem uma histórica capacidade de superar as dificuldades pessoais, mostrando uma personalidade séria, de quem sabe que com a vida não se brinca.

Em quarto lugar, porque ela tem a cor da maioria dos brasileiros, originária da nossa típica miscigenação, trazendo, ademais, o exemplo de sucesso pessoal que todos aspiram ter, confirmando as possibilidades de mobilidade social, a provocar uma identificação instantânea, ainda que inconsciente. Seu sorriso é franco e leal, sem artificialismos. E o povo é intuitivo, sabe captar a alma dos candidatos.

Em quarto lugar, porque, como militante do bem comum e como política, tem revelado coerência, consistência, persistência, senso de oportunidade, diplomacia e firmeza. Pertence à minoria que não se transformou em sabujo do Presidente, com uma diferença qualitativa. Saiu do Ministério do Meio Ambiente sem espetacularizar, confiante de que a sua saída já pudesse, por si mesma, dizer tudo. Naquele mesmo dia pensei que poderia candidatar-se a presidente e que poderia ser uma ótima candidata. Quantos mais pensaram a mesma coisa?

Em quinto lugar porque conseguiu sair do PT para continuar a luta do próprio PT, de libertação das maiorias do atraso socioeconômico e cultural, ressignificando-o através do PV. Gesto que demonstra ser ela uma líder, uma visionária afinada com as necessidades planetárias. Visionária como foram tantos outros: Lula, Mandela, Martin Luther King, Gandhi, Obama, etc., capazes de mobilizar sonhos, transforma-los em ações, articular pessoas, conquistar votos e obter vitórias eleitorais.

Em sexto lugar, porque o Presidente já vem preparando o povo para votar e eleger uma mulher, o que está de acordo com os novos tempos. Apenas o povo compreenderá que o Presidente errou de mulher, que a escolhida não tem a menor condição de sustentar-se sozinha, sem a sua mão protetora. Seria engolida pelos coronéis da sociologia e da política.

Em sétimo lugar, porque o povo compreenderá, ainda, que o gesto do Presidente, afastando os seus próprios companheiros de partido da disputa democrática pela vaga de candidato a presidente não foi bonito. Porque compreenderá que, por mais influência que o Presidente mereça ter, dar uma de dono da vaga de candidato e preenchê-la unilateralmente, num gesto imperial e coronelístico não pega bem para quem diz querer a construção de uma democracia.

Em oitavo lugar, porque o povo, apesar de perdoar o Presidente por esta pequena falha democrática, vai preferir uma sua amiga e companheira de trinta anos luta, desde os tempos das dificuldades, quando ambos ainda estavam bem longe do poder. E, sendo um povo cordial, até para homenagear o Presidente, vai eleger uma Silva, mulher forjada com ele nas lutas.

Em nono lugar, porque o atual Ministro do Meio Ambiente está sabendo colocar o tema da sua pasta em evidência, performático que é. Auxilia, assim, na compreensão popular a respeito do que é prioritário para o Brasil e o mundo, facilitando o discurso de Marina Silva.

Em décimo lugar, Marina Silva contará com amplos setores das igrejas, católica e reformada, possivelmente, como nenhuma outra candidatura. Isto porque é a que mais tem legitimidade, adquirida pela militância católica de base, complementada pela evangélica. E, quem desconhece a força do boca a boca, do pé de ouvido, do sussurro, do sermão e da pregação? Ela encarna a ressurreição da fé, da esperança e da caridade. Um exército de militantes anônimos sustentará a sua candidatura.

Em décimo primeiro lugar, as inúmeras ONGs ligadas à questão ambiental, as empresas com responsabilidade socioambiental, os universitários, os jovens em geral, os internautas de todas as idades, professores universitários partidariamente não comprometidos e razoavelmente informados sobre as necessidades planetárias, a grande massa de trabalhadores não sindicalizados, desesperançados e enojados de maneira geral, certamente serão despertados pela força moral da candidata e levantarão o seu próprio moral.

Em décimo segundo lugar, porque não há mudança sem sonho, sem utopia, sem grandeza, sem desafio, para reorientar rumos e melhorar a vida. Porque, pairando sobre o cálculo da prudência, sente-se nela a generosidade de uma entrega apaixonada. E o povo sempre opta por saltos qualitativos. No caso, em defesa da sobrevivência planetária e, portanto, da própria sobrevivência. Votará em Marina Silva como cumprimento da última regra moral surgida no século passado, a de preservar o meio ambiente através do desenvolvimento sustentável. Com a vantagem dela não contrariar a cultura tradicional brasileira, de crer em Deus e ser contra o aborto.

Comentários

Unknown disse…
Professor,

Achei o texto lindo, mas sinceramente não entendi qual o sentido de escrever tanto para desenvolver um raciocinio apoiado em uma premissa notoriamente falsa.

"Partindo do pressuposto que o povo NÃO é burro...." ??????

Francamente....

É verdade, o povo NÃO é burro.. na verdade tanto a permanencia do Lula pós-mensalão quanto do Sarney pós-atos secretos derivaram de intensa atividade cognitiva do povo, que no auge da sua intelectualidade chegaram a científica conclusão que todas as denúncias contra os dois nada mais eram do que atividades propagandisticas da elite politica conservadora...
Renato Chiappim disse…
Professor Peixoto;

Excelente texto este sobre a Marina Silva.

Na verdade, este texto vai além de um posicionamento sobre uma possível candidata à presidência, mas se apresenta como verdadeira representação do sentimento de grande parcela da população, parcela esta que por não saber se expressar e não ter conciência de seu papél na sociedade, não se posiciona e não é capaz de exprimir sua real vontade.

Concordo com a afirmação de que o povo não é burro, pois, acima de qualquer coisa, o que somos nós se não parte do povo, ou os operadores do direito estão acima da sociedade e acima do bem e do mal?

Pois digo que não.

O Brasil passou por uma grande transformação nos últimos 20 anos, e esta transformãção emana da sociedade. Somos um jovem país. Ainda estamos aprendendo a lidar com a democracia e as suas consequências, e uma delas, talvez a mais dificil de lidar para os altos escalões, é a possibilidade de qualquer do povo ascender ao poder.

Infelizmente, nem todo o corpo universitário no Brasil tem conciência de sua importância e levanta as bandeiras que se espera que levantem, especialmente nas faculdade de Direito e se limitam, quando muito, a reproduzir idéias empoeiradas que recebem de casa, em vez de criar e redescobrir.

Sem traçar juízos de valor sobre a qualidade de seu governo, a eleição do Lula à presidência abriu caminho para uma grande transformaçãonas estruturas politico-sociais do Brasil.

A Senadora Marina Silva reune todos os predicados para que possa sim exercer plenamente as funções atinentes à presidência da república. Acima de todas as características, ela traz consigo um importante valor que deve ser a grande bandeira do próximo líder desta nação, qual seja, a educação.

Marina Silva defende e pratica o que sempre foi a base dos principais movimentos sociais - pelo menos dos sérios - que é a ascenção pela educação, instrução e aculturamento.

Muito diferente dos valores passados à nação pelo atual presidente, que recentemente inclusive declarou não ler por achar cansativo, a Senadora Marina Silva é uma mulher culta, informada e que realmente é capaz de defender com honras sua origem humilde.

A eleição de Marina Silva representará enfim o triunfo da educação e da cultura sobre o "jeitinho".

Não esperemos, entretanto, uma interferência Sebastianina na política nacional pois, como se sabe, os mesmos continuarão no poder, ou por traz dele, mas é, batalha por batalha, que se ganha uma guerra e a grande guerra da sociedade é contra, acima de tudo, contra sua própria inércia e comodismo.

Por fim, recomendo aos que se consideram acima das questões mundanas da sociedade eu sugiro doses homeopáticas de realidade pela manhã e ao deitar-se.
Unknown disse…
Meu Caro Amigo e Professor Peixoto

Texto lúcido e repleto de esperança de um Brasil melhor, de um Povo que pode ousar despertar-se.
Talvez o Despertar seja o tom.
Há pessoas que lutam pela (re)Construção da Dignidade, assim, não tenho dúvida que é um incansável na luta por um Brasil que pode ser diferente e que pode ousar ser o Princípio de uma nova Era.
No tocante ao Brasil, certamente não podemos mudar o início, posto que já passou, mas podemos, sem dúvida, mudar o final desta história...(sempre em Construção)

Fraternal Abraço

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